segunda-feira, 23 de abril de 2012

Apoptose


Por que as células se “cometem” apoptose?

A apoptose é um mecanismo útil para manter o equilíbrio interno dos organismos multicelulares, e pode ocorrer fisiologicamente em humanos nos seguintes casos:

1- No desenvolvimento embrionário, várias estruturas do feto sofrem involução ao longo do período gestacional. Esta involução deve-se à morte programada das células que compõem estas estruturas. Um exemplo é o da formação da mão, cujos dedos são esculpidos através da apoptose.

 2- Em casos de corte no suprimento de fatores de sobrevivência. As células animais necessitam de sinais de outras células, para evitar a apoptose. Tais fatores são chamados, genericamente, de fatores de sobrevivência, na sua ausência as células ativam o programa de suicídio ou apoptose. Por exemplo, isto ocorre normalmente durante a menopausa, período no qual o útero, ovários e mamas sofrem atrofia devido à queda nos níveis dos hormônios sexuais femininos, que são fatores de sobrevivência para as células dos tecidos, que compõem esses órgãos.

3- Renovação celular em tecidos cujas células se renovam constantemente. Este é o caso do epitélio que reveste a pele ou o tubo digestório. As células basais multiplicam-se constantemente com o objetivo de substituir as células envelhecidas, enquanto as células mais velhas sofrem apoptose.

4- Apoptose estimulada pelo linfócito T citotóxico. Nestes casos a apoptose ocorre quando uma célula do organismo é infectada por um vírus e passa a apresentar antígenos deste vírus em sua membrana. As células T citotóxicas reconhecerão este antígeno e induzirão a apoptose na célula infectada.

 5- Regulação do número de células de um tecido. Após uma resposta imunológica do indivíduo a um agente biológico, é preciso que haja eliminação da superpopulação de leucócitos que foram usados na defesa do organismo. O mecanismo para essa eliminação é a apoptose.

Principais Causas Patológicas que levam a apoptose:

1- Indução à apoptose por lesão do material genético celular, causado por estímulos radioativos, químicos ou virais. Quando a lesão causada ao DNA é maior que a capacidade da célula de revertê-la, é mais seguro para o organismo que o programa de morte celular seja ativado, já que a multiplicação de uma célula mutante pode dar origem a tumores.

 2- Lesão por isquemia ou hipoxia moderadas podem levar as células de determinado tecido tanto à necrose quanto à apoptose, pela insuficiência de oxigenação para produção adequada de ATP.

Quais são os eventos da apoptose?





 As alterações morfológicas encontradas em um célula apoptótica somente podem ser vistas quando a célula é analisada em microscopia utilizando-se corantes fluorescentes ou em Microscopia eletrônica. De uma maneira geral, os fenômenos que culminam com a morte celular programada são:

1. Diminuição da célula com agregação dos componentes celulares.

2. Espalhamento pelo citoplasma de algumas proteínas de organelas, indicando que as mesmas foram dseintegradas.

3. O núcleo celular muda de aspecto, a cromatina se prende à carioteca e toma um aspecto mais denso, além disso pode ocorrer a fragmentação do núcleo.

4. Formam-se bolhas de citoplasma partindo da membrana plasmática celular que se desprendem e formam corpos apoptóticos. Eles serão então reconhecidos e fagocitados por leucócitos ou por outras células vizinhas. Alguns destes corpos apoptóticos ainda podem conter fragmentos de material genético.


segunda-feira, 2 de abril de 2012

NECROSE


"Morte de uma célula ou de parte de um tecido em um organismo vivo".

        A necrose é a manifestação final de uma célula que sofreu lesões irreversíveis. A necrose é a morte celular ou tecidual acidental em um organismo ainda vivo, ou seja, que ainda conserva suas funções orgânicas. Vale dizer que é natural que a célula morra, para a manutenção do equilíbrio tecidual. Nesse caso, o mecanismo de morte é denominado de "apoptose" ou "morte programada".

      A etiologia da necrose envolve todos os fatores relacionados às agressões, podendo ser agrupadas em agentes físicos, agentes químicos e agentes biológicos:

 1) Agentes físicos: Ex.: ação mecânica, temperatura, radiação, efeitos magnéticos;

 2) Agentes químicos: compreendem substâncias tóxicas e não-tóxicas. Ex.: tetracloreto de carbono, álcool, medicamentos, detergentes, fenóis etc.

 3) Agentes biológicos: Ex.: infecções viróticas, bacterianas ou micóticas, parasitas etc.

       As mudanças na morfostase se dão, principalmente, nos núcleos, os quais apresentam alteração de volume e de coloração à microscopia óptica. Essas alterações são denominadas de:

1) Picnose: o núcleo apresenta um volume reduzido e torna-se hipercorado, tendo sua cromatina condensada; característico na apoptose;

2) Cariorrexe: a cromatina adquire uma distribuição irregular, podendo se acumular em grumos na membrana nuclear; há perda dos limites nucleares;

3) Cariólise ou cromatólise: há dissolução da cromatina e perda da coloração do núcleo, o qual desaparece completamente.

Tipos de necrose: 

1) Necrose por coagulação (= isquêmica): causada por isquemia do local. É freqüentemente observada nos infartos isquêmicos. Há perda da nitidez dos elementos nucleares e manutenção do contorno celular devido à permanência de proteínas coaguladas no citoplasma, sem haver rompimento da membrana celular.

2) Necrose por liquefação: o tecido necrótico fica limitado a uma região, geralmente cavitária, havendo a presença de grande quantidade de neutrófilos e outras células inflamatórias (os quais originam o pus). É comum em infecções bacterianas. Pode ser observada nos abscessos e no sistema nervoso central, bem como em algumas neoplasias malignas.

3) Necrose caseosa: tecido esbranquiçado, granuloso, amolecido, com aspecto de "queijo friável". Microscopicamente, o tecido exibe uma massa amorfa composta predominantemente por proteínas. É comum de ser observada na tuberculose, em neoplasias malignas e em alguns tipos de infarto. Na sífilis, por ter consistência borrachóide, é denominada de necrose gomosa.

4) Necrose fibrinóide: o tecido necrótico adquire uma aspecto hialino, acidofílico, semelhante a fibrina. Pode aparecer na ateroesclerose, na úlcera péptica etc.

5) Necrose gangrenosa: provocada por isquemia ou por ação de microrganismo. Pode ser úmida ou seca, dependendo da quantidade de água presente. A úmida freqüentemente envolve a participação de bactérias anaeróbias, as quais promovem uma acentuada destruição protéica e putrefação. Comum em membros inferiores e em órgãos internos que entraram em contato com o exterior, como pulmões e intestino.

6) Necrose enzimática: ocorre quando há liberação de enzimas nos tecidos; a forma mais observada é a do tipo gordurosa, principalmente no pâncreas, quando pode ocorrer liberação de lipases, as quais desintegram a gordura neutra dos adipócitos desse órgão.

7) Necrose hemorrágica: quando há presença de hemorragia no tecido necrosado; essa hemorragia às vezes pode complicar a eliminação do tecido necrótico pelo organismo. O tecido necrótico pode evoluir para calcificação distrófica, cicatrização ou mesmo regeneração.